Segundo o arquiteto o homem deveria
aprender mais sobre a gentileza e a solidariedade
Por Sílvio Celestino,
Administradores.com
Em uma de suas últimas entrevistas, Oscar
Niemeyer dizia que o mais importante era a vida e que o homem deveria aprender
mais sobre a gentileza e a solidariedade. Aprender a ser gentil. Niemeyer
adorava a vida e também as curvas, que eram, para ele, mais inspiradoras que as
linhas retas. Assim como as mulheres.
Fiquei pensando o que isso tem a ver com
carreira e liderança. Talvez nada. Entretanto, ao dar uma palestra na última
sexta-feira, em Londrina, Paraná, um participante me perguntou sobre o que
achava que as empresas deveriam fazer para reter talentos. Eu respondi que, por
vezes, a pessoa querer sair da companhia é um sinal de sanidade. Afinal, quem
em sã consciência gostaria de trabalhar para um gerente rude, coercivo e
mal-humorado? O que se espera de um líder é que seja inspirador. Mas, se não
puder, que ao menos seja gentil, que saiba comandar, dizer às pessoas o que é
para elas fazerem, sem colocá-las em constrangimento.
Imagem: Wikimedia
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Liderar exige um grande esforço e capacidade de
lidar com a frustração que é buscar resultados por meio de outras pessoas. Não
é tratando-as com grosseria que se alcançam resultados. Na verdade, na maioria
dos casos, eles são alcançados apesar da insensibilidade de certos líderes.
Pense diferente para ter sucesso
Em outro evento, na quinta-feira passada, falava
sobre marketing pessoal estratégico para um grupo de executivos considerados de
alto potencial em uma empresa de telecomunicações. Assim como Niemeyer traçava
as linhas curvas, enquanto outros arquitetos focalizavam as retas, o
profissional deve sair da visão comum, se desejar ter sucesso em sua carreira.
Se todos quiserem ser o rei da montanha, os caminhos para atingir seu topo
ficarão congestionados. Por que não tentar o vale? Penso que o topo da carreira
está na capacidade da pessoa de gerar renda passiva para si por meio de
investimentos. E não querer ser o CEO.
Aliás, tenho visto pessoas muito despreparadas
nessa jornada que, ao atingir o cume, se esfacelam, pois suas estruturas,
também em outras esferas da vida, não estavam sólidas. Ao pensar em seu
sucesso, o profissional deve, antes, pensar em seu propósito. É ele que dá
forma ao primeiro. Aliás, sucesso, dinheiro e conhecimento sem refinamento não
servem para muita coisa. Exceto para a pessoa perceber que, sozinhos, eles não
produzem felicidade. É preciso mais que isso.
Um mundo para as mulheres
Por último, penso que o mundo deveria ser
construído para as mulheres. Se de fato as amássemos mais que nossos desejos,
faríamos as calçadas o mais planas e suaves possível, para que não danificassem
seus sapatos, que elas compram com tanta adoração. Manteríamos as cidades mais
limpas e belas. Em certos locais, atingidos pela seca, forneceríamos água e saneamento
de qualidade, para que pudessem ter, mais que uma vida digna, saudável para si
mesmas e suas famílias. Acharíamos um bandido antes que pudesse matar um pai,
marido ou filho. E também faríamos menos guerras, para que eles não
participassem delas. Afinal, são pessoas que elas tanto amam e sentem como
ninguém suas ausências.
Também daríamos as mesmas condições que temos
para que desenvolvessem suas carreiras, até mesmo no mundo executivo.
Jogaríamos os jogos empresariais com maior respeito às regras, para que elas
pudessem participar em condições de igualdade. Daríamos a elas o mesmo
rendimento que o nosso, em todas as situações. Aprenderíamos a forma feminina
de ver a vida, com mais beleza e solidariedade.
Pensando bem, as ideias de Oscar Niemeyer têm
muito a ver com carreira e liderança. Felizmente ele viveu muito, para tornar
concretos e curvos, é claro, seus pensamentos sobre beleza, gentileza e
solidariedade. Que grande ser humano!
Sílvio Celestino é
sócio-fundador da Alliance Coaching e autor do livro Conversa de Elevador – Uma
Fórmula de Sucesso para sua Carreira.







