quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

E se o mundo executivo fosse pensado por Oscar Niemeyer?


Segundo o arquiteto o homem deveria aprender mais sobre a gentileza e a solidariedade

Por Sílvio Celestino, Administradores.com

Em uma de suas últimas entrevistas, Oscar Niemeyer dizia que o mais importante era a vida e que o homem deveria aprender mais sobre a gentileza e a solidariedade. Aprender a ser gentil. Niemeyer adorava a vida e também as curvas, que eram, para ele, mais inspiradoras que as linhas retas. Assim como as mulheres.



Gentileza
Fiquei pensando o que isso tem a ver com carreira e liderança. Talvez nada. Entretanto, ao dar uma palestra na última sexta-feira, em Londrina, Paraná, um participante me perguntou sobre o que achava que as empresas deveriam fazer para reter talentos. Eu respondi que, por vezes, a pessoa querer sair da companhia é um sinal de sanidade. Afinal, quem em sã consciência gostaria de trabalhar para um gerente rude, coercivo e mal-humorado? O que se espera de um líder é que seja inspirador. Mas, se não puder, que ao menos seja gentil, que saiba comandar, dizer às pessoas o que é para elas fazerem, sem colocá-las em constrangimento.

Imagem: Wikimedia

Liderar exige um grande esforço e capacidade de lidar com a frustração que é buscar resultados por meio de outras pessoas. Não é tratando-as com grosseria que se alcançam resultados. Na verdade, na maioria dos casos, eles são alcançados apesar da insensibilidade de certos líderes.

Pense diferente para ter sucesso

Em outro evento, na quinta-feira passada, falava sobre marketing pessoal estratégico para um grupo de executivos considerados de alto potencial em uma empresa de telecomunicações. Assim como Niemeyer traçava as linhas curvas, enquanto outros arquitetos focalizavam as retas, o profissional deve sair da visão comum, se desejar ter sucesso em sua carreira. Se todos quiserem ser o rei da montanha, os caminhos para atingir seu topo ficarão congestionados. Por que não tentar o vale? Penso que o topo da carreira está na capacidade da pessoa de gerar renda passiva para si por meio de investimentos. E não querer ser o CEO.

Aliás, tenho visto pessoas muito despreparadas nessa jornada que, ao atingir o cume, se esfacelam, pois suas estruturas, também em outras esferas da vida, não estavam sólidas. Ao pensar em seu sucesso, o profissional deve, antes, pensar em seu propósito. É ele que dá forma ao primeiro. Aliás, sucesso, dinheiro e conhecimento sem refinamento não servem para muita coisa. Exceto para a pessoa perceber que, sozinhos, eles não produzem felicidade. É preciso mais que isso.

Um mundo para as mulheres

Por último, penso que o mundo deveria ser construído para as mulheres. Se de fato as amássemos mais que nossos desejos, faríamos as calçadas o mais planas e suaves possível, para que não danificassem seus sapatos, que elas compram com tanta adoração. Manteríamos as cidades mais limpas e belas. Em certos locais, atingidos pela seca, forneceríamos água e saneamento de qualidade, para que pudessem ter, mais que uma vida digna, saudável para si mesmas e suas famílias. Acharíamos um bandido antes que pudesse matar um pai, marido ou filho. E também faríamos menos guerras, para que eles não participassem delas. Afinal, são pessoas que elas tanto amam e sentem como ninguém suas ausências.

Também daríamos as mesmas condições que temos para que desenvolvessem suas carreiras, até mesmo no mundo executivo. Jogaríamos os jogos empresariais com maior respeito às regras, para que elas pudessem participar em condições de igualdade. Daríamos a elas o mesmo rendimento que o nosso, em todas as situações. Aprenderíamos a forma feminina de ver a vida, com mais beleza e solidariedade.

Pensando bem, as ideias de Oscar Niemeyer têm muito a ver com carreira e liderança. Felizmente ele viveu muito, para tornar concretos e curvos, é claro, seus pensamentos sobre beleza, gentileza e solidariedade. Que grande ser humano!

Sílvio Celestino é sócio-fundador da Alliance Coaching e autor do livro Conversa de Elevador – Uma Fórmula de Sucesso para sua Carreira.

 

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

As cinco escolhas que você deve fazer para ter uma produtividade extraordinária


Em entrevista exclusiva, Luciano Meira, vice-presidente da FranklinCovey Brasil, revela dicas para os profissionais serem mais produtivos

Por Fábio Bandeira de Mello, Administradores.com

Reunião, trabalho, família, internet, saídas, e-mails, tecnologia, relatório, informação... Você já reparou quantas coisas precisamos dar atenção em nosso dia-a-dia?
E claro, manter o foco e não se distrair em diversas dessas atividades, principalmente no trabalho, é um desafio constante para a maioria das pessoas. Mas há solução. Isso quem garante é Luciano Meira, vice-presidente da FranklinCovey Brasil, empresa especializada na performance profissional e empresarial.
De acordo com o consultor existem cinco escolhas que podemos tomar para elevar a nossa produtividade ao extraordinário. Pasmem, trabalhar demais não é uma delas. "É um engano achar que ser produtivo é trabalhar sem parar", alerta Luciano.
O Administradores.com conversou com o consultor para descobrir algumas dicas de como o profissional pode ter mais foco em seu dia-a-dia e quais são as cinco escolhas para a produtividade extraordinária. Confira!

Cada vez mais as pessoas tem dificuldade de aumentar o foco e manter a sua atenção. Qual é a chave para o profissional melhorar a sua produtividade?

Tem que fazer escolhas sábias. Começa com o entendimento daquilo que tem valor. O que é que tem valor em sua vida? Se você definir isso com muita clareza, comece a focar mais o seu tempo, sua energia, a sua mente e a sua concentração nisso. Quando o ser humano quer - e ele foca - as coisas acontecem. A história é a prova disso. Tudo o que o ser humano fez de interessante, de diferente, extraordinário surgiu de alguém que conseguiu colocar foco naquilo.
Para sermos produtivos hoje, não podemos pensar em uma simples gestão do tempo, mas sim em uma gestão da produtividade pessoal. E temos cinco escolhas que nos levam a essa produtividade pessoal maior.

Quais são essas cinco escolhas para aumentar a produtividade?

Primeiro: cuidado com as urgentes. Hoje estamos em uma crise. As pessoas estão confundindo urgência com importância como se fosse a mesma coisa, mas não é. Muito do que fazemos com cara de urgência, não vai nos levar a lugar nenhum. Nós temos até uma matriz do tempo, bastante conhecida, tem quatro quadrantes revelando a urgência e a importância de cada tarefa. E o quadrante que nós devemos aumentar é o quadrante 2 que são as tarefas importantes e não urgentes (veja foto abaixo). Então, preparação, planejamento, estudo, relacionamento com as pessoas, essas questões são essências para aumentar a produtividade.

  
Imagem: reprodução

Colocar tudo como urgente desgasta mais o profissional, então?

Não só isso. Se você vive uma cultura de urgência, além de se desgastar, você não alavanca grandes resultados. A urgência está associada a apagar incêndio. Ninguém constrói nada fantástico apagando incêndio. A construção de projetos significativos depende de coisas não urgentes que são importantes.

Essa foi a primeira escolha. E as outras?

A segunda é buscar o extraordinário, achar algo que faça a diferença para você. É um trabalho de autoconhecimento. Eu diria que uma pessoa que está muito em dúvida sobre o que ela quer fazer sobre sua vida, tem dificuldade de ser produtiva nos dias de hoje.

Então, no caso, a produtividade tem que estar ligada a metas?

As metas realizadoras para o indivíduo e importantes para as empresas também. Geralmente quando os dois andam juntos é que a coisa acontece melhor.

Sobre a terceira escolha...

A terceira escolha é você programar o seu tempo. Aí já é uma habilidade. Como você faz o planejamento da sua semana, de seus dias? Você usa uma agenda, uma ferramenta eletrônica? Hoje em dias as pessoas estão usando o Outlook, o Google como ferramentas de gestão do tempo. É preciso planejamento semanal e diário. Planejamento semanal tem a ver com pensar as prioridades em cada papel e alocar o tempo antes da semana começar. Não comece a sua semana sem você saber as prioridades que deve realizar.

Sobre essa questão da produtividade, um dos grandes vilões é o e-mail. As pessoas param muito tempo nele.

Isso faz muito parte da 4ª escolha. Como domino minha tecnologia. Porque a tecnologia é uma faca de dois gumes. Eu posso melhorar ou piorar a minha produtividade. Usada sem muita consciência, a tecnologia atrapalha, você se dispersa. Por exemplo, você conhece algum viciado em tecnologia? Será que ela é uma pessoa que está sendo muito produtiva? Pense nisso depois... Geralmente o vício na tecnologia não é um bom caminho para a produtividade.

Mas há formas de tentar resolver essa questão, pelo menos no e-mail?

Com certeza. Existem regras que você pode colocar para evitar a chegada de spams em sua caixa. Ativar essa regra é uma maneira de ganhar muito tempo. Arquivar automaticamente aquilo que você não vai ler agora é outra forma. Você cria pastas e o sistema de e-mail vai colocar o arquivo nelas sem que chegue em sua caixa de entrada.

Outra coisa, por exemplo, é arrastar e-mails de reuniões direto para o calendário. O ideal já é transformá-lo em um compromisso. Então, existem várias práticas e ações que você pode fazer para melhorar a sua produtividade com a tecnologia. O que você não deve fazer é ficar muito passivo e deixar que a tecnologia atue sobre você. Tem gente que acha que passar o dia inteiro na caixa de e-mail é produtivo. Essa é uma das maiores armadilhas e mitos que vivemos hoje.

Ainda em relação ao e-mail: um profissional que recebe um volume grande diariamente deve olhar a caixa de entrada quantas vez por dia? O que você recomenda?

Existem algumas recomendações nesse sentido, mas não tem uma regrinha, uma receita fixa para todo mundo. Existe sim uma ideia que você não deve ver o dia inteiro. Um bom exemplo seria aquele executivo que vê o e-mail pela manhã, após o almoço e no final do dia. Ele não vê o dia inteiro, porque ele tem mais coisas a fazer. Ele se regra e cria os horários para responder. Interessante que, quando você cria essa regra para você mesmo, naturalmente, acaba educando os outros sobre isso. Elas sabem que você vê e-mail em alguns horários e que não adianta ficar esperando o e-mail antes daquele período. Então, é isso, ter limites. O ideal é ver menos vezes. Eu diria quer uma ou duas vezes por dia está de bom tamanho.

Chegamos, então, a quinta escolha. Qual seria ela?

É a energia. Energia tem a ver com se cuidar. Você realimentar a sua energia todo dia e toda a semana. Um esporte é muito importante, você se alimentar de maneira adequada também. Existem, inclusive, alimentos que aumenta o nível energético e, têm alimentos que tiram energia. Você relaxar, ter uma vida espiritual mais profunda. Tudo isso pode ajudar você a aumentar o seu nível energético e, por tanto, sua capacidade produtiva.

Então o descanso também é uma forma de ser produtiva?

Claro! É um engano achar que ser produtivo é trabalhar sem parar. Seria a mesma coisa dizer que eu vou chegar a um lugar bem distante dirigindo o dia inteiro, sem parar para abastecer. Não, a gente tem que parar para abastecer para chegar ao local.

Agora que você falou sobre as cinco escolhas. Para encerrar: como um líder pode colocar a produtividade como algo agregado a cultura da empresa?

Acredito que está muito relacionado ao que falamos sobre a implamentação da cultura do quadrante 2. Nessa matriz podemos separar entre as coisas importantes e não urgentes. Exemplo: preparação, prevenção, treinamento de pessoas, delegação. É importante conseguir transmitir isso para a equipe. É aquela questão: como é que você vai ter realização de tarefas de qualidade, entrega no prazo, com todas as especificações que o cliente deseja, dentro do custo e sem retrabalho? Todo líder tem que pensar nisso e uma excelente solução é trabalhar essa cultura de quadrante 2.

 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

As 5 perguntas encorajadoras de Peter Drucker


Esse artigo faz uma breve reflexão sobre as perguntas encorajadoras de Peter Drucker e sua aplicação prática no mundo dos negócios

Já li dezenas de livros sobre empreendedorismo nestes últimos dez anos. Muitos eu recomendo para os alunos, outros eu utilizo como base das minhas aulas, palestras e treinamentos, outros eu simplesmente ignoro embora seja possível extrair algo de bom de cada um deles.

Livros são assim mesmo, alguns são modismos, outros são escritos sob determinados contextos, mas, não se aplicam ao contexto da sua empresa ou da sua necessidade, entretanto, tira-se um pouco daqui, outro dali, e assim vai se formando a base do conhecimento. O importante é ter discernimento para extrair o que vale a pena ser aplicado em cada situação.

De tanto ler e recomendar acabei escrevendo os meus próprios livros – Manual do Empreendedor e Empreendedorismo para Jovens -, ambos editados pela Atlas, com base na minha experiência profissional com empreendedores de pequeno, médio e grande porte. São livros que eu gostaria de ter lido antes dos trinta anos para enriquecer ainda mais o assunto.

O fato é que, como eu sempre digo e repito, não existe fórmula infalível para o sucesso nos negócios. Veja o exemplo do Monitor Company Group LP, empresa de consultoria fundada por Michael Porter, o papa da estratégia mundial, em 1983, a qual entrou com um pedido de falência na Corte de Falências dos Estados Unidos, no Estado de Delaware.

É um caso digno de estudo: se o próprio Porter, um dos gurus mais respeitados no meio acadêmico, não conseguiu fazer valer as suas próprias recomendações, que chances eu tenho? Bem, dizer o que fazer é uma coisa, fazer é outra, mas, isso não tira os méritos dele considerando que milhares de empresas prosperaram ao redor do mundo utilizando-se dos seus conceitos.

Infelizmente, ou felizmente, em negócios, tudo depende. Do que? Do momento, das circunstâncias, dos seus modelos mentais, do posicionamento correto e do valor agregado dos seus produtos e serviços, da sua capacidade de investimento, da sua persistência, do seu modelo de gestão, do seu estilo de liderança, das pessoas que você contrata e assim por diante.

Dessa forma, como empreendedor, é necessário pensar nas questões mais simples que impulsionam qualquer negócio onde quer você queira fazê-lo. Isso é o básico, recomendado por Peter Drucker, guru da administração moderna, em seu clássico Inovação e Espírito Empreendedor.

Ainda que você diga que sabe, a maioria dos empreendedores não consegue responder claramente a essas questões. A simplicidade de cada uma vai fazê-lo repensar qualquer suposição a respeito do seu negócio, da sua equipe e do seu próprio modelo de gestão. Vejamos:

Qual é a sua missão? Em primeiro lugar, por que você quer abrir esse tipo de negócio? Tem algo a ver com o que você realmente gosta de fazer? O que você está tentando realizar para seu cliente? É algo que você está disposto a conduzir pelo resto da vida?

Quem é o seu cliente? Que tipo de pessoa você está tentando satisfazer com seus produtos ou serviços? Essa necessidade existe de fato? É um nicho capaz de formar um novo público?

O que o seu cliente valoriza? O que você faz bem melhor do que os outros e está preparado para oferecer a seus clientes? Você sabe vender arroz, feijão e pão de forma diferenciada, a ponto de fidelizar os clientes para que comprem, regularmente, no seu ponto de venda?

Que resultados você está tentando alcançar? Como você mede o sucesso? É um negócio que vai ajuda-lo a sobreviver depois de aposentado ou é algo que pode fazer a diferença na vida das pessoas?

Qual é o seu plano? Como você imagina conquistar o respeito dos clientes e atingir os resultados que são mais importantes para consolidar o negócio? Na balança dos prós e dos contras, o que pesa mais?

A maioria dos empreendedores começa um negócio sem a reflexão necessária para isso. Na prática, a combinação entre o espírito empreendedor e a necessidade de inovar para sobreviver é o que define o seu perfil de atuação no mercado. Ter uma grande ideia não significa ter sucesso. Colocá-la em prática e trabalhar de maneira consistente para sua execução é a melhor ideia.

Como eu já mencionei em outro artigo, em termos de gestão, pouca coisa mudou nos últimos cinquenta anos. Fluxo de caixa, orçamento, planejamento estratégico, balanço financeiro, matriz SWOT, mapeamento de processos, estratégia de vendas, entre outros, são ferramentas aplicáveis a qualquer negócio e tornam-se eficientes na medida em que são levadas a sério.

Contudo, como diria Peter Drucker, "Empreendedores procuram por mudanças, portanto, olhe para cada janela e pergunte a si mesmo: isso poderia ser uma oportunidade? Não perca algo somente porque não faz parte de seu planejamento. O inesperado é frequentemente a melhor fonte de inovação".

Por fim, além de responder as questões acima, lembre-se de que, atualmente, não é necessário sofrer tanto. Existem artigos, cursos, empresas de consultoria, livros e modelos de planos de negócios disponíveis aos milhares na Internet, no Sebrae e nas escolas. Ninguém faz nada sozinho, portanto, não seja orgulhoso. O orgulho é, geralmente, um poderoso indicador de insucesso em qualquer parte do mundo.

Pense nisso, empreenda e seja feliz!